O PMDB pode ficar de saia-justa por causa de dois infiéis que foram abrigados no partido e que são rivais na disputa pela Prefeitura de Dourados. Toda a crise foi gerada depois que o deputado federal Geraldo Resende deixou o PPS para ganhar cargos federais - um deles foi a direção da Funasa em Mato Grosso do Sul - e o apoio do governador André Puccinelli (PMDB) à sua pré-candidatura para prefeito de Dourados.
Esta manobra para acomodar Geraldo no partido custou a saÃda do deputado estadual Ari Artuzi. Ele sentiu que a entrada do deputado federal iria sepultar o seu projeto de concorrer à Prefeitura de Dourados e decidiu ingressar no PDT para enfrentar o próprio Geraldo na sucessão municipal. A infidelidade não saiu barato para Artuzi, que viu de uma hora para outra seus correligionários sendo demitidos pelo governador André Puccinelli. Nem o motorista de Artuzi escapou da degola.
Artuzi não esperava por esta retaliação do governador. Com correligionários desempregados, o deputado corre também o risco de ficar sem mandato e sem legenda para concorrer à Prefeitura de Dourados. Ainda não há, porém, consenso sobre o cancelamento da filiação partidária. Exemplo: Artuzi perde o mandato, mas pode permanecer no PDT e disputar as próximas eleições, porque não há previsão da inelegibilidade dos infiéis.
Ciúmes e brigas
A filiação de Geraldo Resende provocou ciumeira em Ari Artuzi e a insegurança sobre a viabilidade de sua candidatura no PMDB a prefeito de Dourados. O governador declarou que apoiaria quem apresentasse melhor desempenho nas pesquisas. Neste quesito, Artuzi leva grande vantagem sobre Geraldo. O problema era a desconfiança do deputado estadual da promessa de receber apoio dentro do PMDB.
Prevendo que poderia levar rasteira do partido, Artuzi passou a brigar com Geraldo. Mas hoje eles estão brigando juntos para não serem cassados depois que o STF considerou que o mandato pertence ao partido e não ao polÃtico. E se Geraldo e Artuzi estavam também se preparando para se enfrentarem na campanha eleitoral, agora correm o risco de ficar de fora da disputa eleitoral.
Artuzi é o mais preocupado com os efeitos da decisão do STF. Geraldo procura demonstrar tranquilidade, mas quem conversou com ele ontem sentiu que a calma é só aparente. O problema é a determinação do PPS de pedir a cassação do seu mandato. Esta mesma disposição não existe no PMDB para afastar Artuzi.
O PMDB recebeu um deputado federal infiel que fugiu do PPS para se acomodar numa agremiação que daria suporte à sua candidatura a prefeito de Dourados. Além disto, os peemedebistas promoveram caça a vereadores e prefeitos para reforçar o partido. Ou seja, o PMDB incentivou a infidelidade partidária e agora não sabe o que fazer com Ari Artuzi.
"Não acredito que o governador André Puccinelli vai pedir a minha cassação", comentou Ari Artuzi. Mas se o PMDB perder Geraldo Resende, pode buscar a punição mais severa para Artuzi por ter abandonado o partido.
O presidente regional do PMDB, deputado federal Waldemir Moka, não entra na polêmica. Ele prefere deixar para a executiva do partido a decisão de abrir processo de cassação do mandato de Artuzi. Se depender dele, nada será feito. à tudo que Artuzi quer para não ser incomodado e nem perder o mandato de deputado estadual, deixando-o livre para disputar a Prefeitura de Dourados.