Na tentativa de dar uma resposta polÃtica à crise do setor aéreo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu demitir até a semana que vem o ministro da Defesa, Waldir Pires, e a cúpula da Infraero, estatal responsável pelos aeroportos brasileiros.
Em silêncio desde o acidente, Lula fará pronunciamento em cadeia de rádio e TV para anunciar medidas para desafogar Congonhas. Só agora, passados dez meses de caos, surge a primeira mudança na cúpula da área. Enquanto os problemas no setor aéreo se acumulavam, o afastamento de Pires, 80, foi cogitado diversas vezes, mas Lula resistiu a tirá-lo do governo. Agora, a situação se tornou "insustentável", nas palavras de um auxiliar direto de Lula.
A avaliação no Palácio do Planalto é que Pires não tem culpa no caso do acidente da TAM ocorrido na terça-feira, mas seu imobilismo ao longo da crise e a falta de capacidade de encontrar soluções --problemas dele, e, logo, do governo-- voltaram ao centro do debate com a mais recente tragédia. Pires nem foi chamado para reunião sobre o tema com Lula e seis ministros ontem à tarde. Com Pires deve sair o presidente da Infraero, brigadeiro José Carlos Pereira, cuja atuação tem sido criticada por Lula em conversas reservadas. O comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, continuará no cargo.
Até o inÃcio da noite de ontem, Pires continuava reunido no Planalto. Pereira, chamado à s pressas por Dilma Rousseff, saiu por volta das 19h30. Na chegada, disse que estava "pronto para sair", caso o governo determinasse. Segundo a Folha apurou, até a volta do vice-presidente José Alencar ao comando da Defesa é cogitada no governo.