Gilberto Carvalho afirmou que é 'preciso entender' o funcionamento dos novos protestos / Divulgação
Após os protestos ocorridos na última semana e na segunda-feira em todo o país, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, afirmou nesta terça que antes de tudo é "preciso entender" o funcionamento dos novos protestos.
"Não conseguimos entender o que está ocorrendo ainda. São novas formas de organização de mobilização que ainda não compreendemos".
O ministro disse que as manifestações tradicionais são com carro de som e lideranças. "Conversei com alguns manifestantes. Eles não têm líderes e é difícil entender esse comportamento."
Ontem, em breve nota oficial, a presidente Dilma Rousseff defendeu as manifestações, desde que pacíficas. "As manifestações pacíficas são legítimas e próprias da democracia. É próprio dos jovens se manifestarem", afirmou a presidente em texto divulgado pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República.
Carvalho esteve presente na CMA (Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle) do Senado, onde afirmou que o órgão não realizou investigação paralela à sindicância Casa Civil na atuação de Rosemary Noronha, ex-chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo.
Ontem, o ministro se propôs a receber alguns manifestantes que protestaram em frente ao Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília, antes da partida de abertura da Copa das Confederações no sábado. No entanto, apenas uma manifestante e o pai dela compareceram no Palácio do Planalto.
A estudante de ciências políticas Illyusha Montezuma, 21, conta que foi agredida ao tentar participar da manifestação. "Fui pedir informação para um policial em cima de um cavalo para saber como passar pela barreira policial e fui empurrada, levei um tapa", disse.
Na audiência, o ministro comentou a adesão em massa aos protestos. "Em relação ao conteúdo, temos que estar atentos para entender o porquê de uma adesão tão ampla e massiva. Temos que estar sensíveis; caso contrário vamos na contramão da história. Vale a pena estarmos atentos, para compreender e dar uma resposta adequada a esse novo tempo vivido pelo Brasil."
Entenda
A insatisfação que levou milhares às ruas em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e várias grandes cidades nos últimos dias, em manifestações que resultaram em inúmeros atos de violência, depredação e confrontos com a polícia, vai além do descontentamento com a elevação na tarifa do transporte público.
E no momento em que o Brasil está sob os holofotes às vésperas de receber grandes eventos internacionais, o movimento ganha corpo e se espalha por outras capitais do país.
Em Brasília, segundo a Polícia Militar, cerca de 10 mil pessoas participaram da manifestação nesta segunda, com um leque de reivindicações bastante amplo. Os manifestantes ocuparam a marquise do Congresso Nacional por cerca de cinco horas.
Um dos organizadores do evento no Facebook entregou à polícia legislativa uma lista de reivindicações. Entre os itens, há um pedido para que a Câmara abra investigação sobre a violência policial contra os manifestantes.
Manifestantes afirmaram que foram motivados por indignação contra a corrupção, contra PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que tira poderes de investigação do Ministério Público e contra os gastos na Copa do Mundo.
Desde a semana retrasada, manifestantes de São Paulo, em sua maioria jovens e estudantes, têm protestado contra o aumento de 20 centavos nas tarifas do transporte público em São Paulo --foi de R$ 3 para R$ 3,20. Autoridades descartam rever o preço e argumentam que o reajuste, inicialmente previsto para janeiro, foi postergado para junho e veio abaixo da inflação.
Logo os protestos começaram a se espalhar por outras capitais e grandes cidades do país.