O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou nesta quarta-feira (20), durante reunião do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas (FBMC), no Palácio do Planalto, decreto que institui o Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima (CIM). De caráter permanente, será formado por 16 ministérios e pelo Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, liderados pela Casa Civil. Este Comitê será o responsável por alinhar as diferentes iniciativas do governo nesta área e, em especial, por orientar a elaboração e implementação da PolÃtica Nacional e do Plano Nacional sobre Mudança do Clima.
As ações serão operacionalizadas por um Grupo Executivo, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) e composto por outros seis ministérios, além do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas e da Casa Civil. A equipe deverá elaborar uma primeira minuta do Projeto de Lei que definirá a PolÃtica Nacional para o tema até 11 de janeiro de 2008, bem como a versão preliminar do Plano Nacional, que deverá ser concluÃda até 30 de abril de 2008.
O Plano estará apoiado em quatro eixos: mitigação, adaptação aos efeitos da mudança do clima, pesquisa e desenvolvimento, e capacitação e divulgação. De acordo com o ministro interino do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, a iniciativa será fundamental também na definição de medidas concretas que permitam ao PaÃs reduzir ainda mais suas emissões de CO2.
?O Plano deverá constituir a sÃntese dos esforços já realizados até o momento e prover as diretrizes para que o PaÃs possa contribuir com os esforços globais de mitigação da mudança, bem como adotar medidas de adaptação aos impactos que o Brasil sofrerá com o aquecimento global já constatado?, destacou o secretário.
O Comitê Interministerial terá tarefas como, por exemplo, propor ações prioritárias de curto prazo, promover a articulação internacional para a troca de experiências e transferência de tecnologia e ainda identificar fontes de recursos para a implementação da iniciativa, entre outras responsabilidades.
A sociedade poderá contribuir com o documento por meio de consultas públicas. Serão utilizados como instrumentos dessa consulta a III Conferência Nacional do Meio Ambiente, as reuniões do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, reuniões regionais a serem realizadas em todo o PaÃs e ainda a internet, em endereço a ser divulgado posteriormente. O objetivo é promover a transparência do processo em sua elaboração e implementação.
Tanto o Plano quanto a PolÃtica Nacional sobre Mudança do Clima vêm se somar aos esforços que o governo brasileiro já desenvolveu para mitigar as emissões dos gases de efeito estufa, como o Plano de Ação de Prevenção e Controle do Desmatamento, que envolve 13 ministérios. O resultado já se observa na redução de 50% na taxa de desmatamento de 2004 a 2006. Com isso, o Brasil evitou a emissão de cerca de 500 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera no perÃodo. ?à o equivalente a 14% das reduções preconizadas para todos os paÃses desenvolvidos no primeiro perÃodo de compromisso do Protocolo de Quioto que se estende de 2008 a 2012?, destacou Capobianco.
O secretário enfatizou que reduzir o desmatamento no Brasil implica a mudança de um modelo de desenvolvimento que vai além de cercar a floresta. ?Implica, fundamentalmente, em prover condições adequadas para que a manutenção da floresta em pé seja, do ponto de vista econômico, social e ambiental, mais vantajosa do que a sua derrubada?, disse.
Nesse sentido, Capobianco destacou que o governo federal prepara a segunda fase do Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento e que é com este espÃrito que o Brasil irá para a 13ª Conferência das Partes da Convenção sobre Mudança do Clima, em Bali, em dezembro. ?Vamos insistir na proposta de incentivos positivos para a redução de emissões provenientes do desmatamento e defender a urgência do cumprimento das metas, por parte dos paÃses desenvolvidos?, finalizou.