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Política

Votação secreta causa demissão de funcionário da Mesa do Senado

A tropa de choque do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), explicitou ontem a manobra para que ocorra votação secreta do relatório por quebra de decoro, nesta quinta-feira, no Conselho de Ética. Em reunião com os relatores do processo, o presidente do Conselho, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), convocou dois consultores legislativos, que se posicionaram favoravelmente ao voto fechado na votação, como queria Renan. Em protesto, o secretário-geral adjunto da Mesa, Marcos Santi, pediu demissão à noite. Ele disse estranhar, já que a secretaria não costuma fazer esse tipo de parecer.


- Foi uma interpretação de encomenda. Se fosse assim, tinha que mudar tudo, já que as emendas têm um procedimento de votação no plenário e outro nas comissões - disse.


Pressionado, Quintanilha anunciou que vai submeter a decisão ao plenário do Conselho.


- É o princípio da legalidade. Fiz uma consulta legislativa à consultoria do Senado. Cabe ao plenário do Conselho decidir. Eu vou apresentar a recomendação da consultoria legislativa, mas o plenário do Conselho é soberano - disse Quintanilha.


Inicialmente, a reunião definiria o texto final do relatório sobre o processo em que Renan é acusado de ter despesas pessoais pagas por um lobista. Mas, por causa de um impasse entre os relatores, não foi conclusiva. Sem consenso, dois dos relatores, Renato Casagrande (PSB-ES) e Marisa Serrano (PSDB-MS), decidiram produzir um único texto, que deverá pedir a cassação de Renan, acusado de usar dinheiro de um lobista para pagar contas pessoais. Isolado, o terceiro relator, o senador Almeida Lima (PMDB-SE), apresentará um voto em separado pedindo o arquivamento do processo. (Relembre as denúncias contra Renan )


Antes da reunião, Renan fez uma ameaça velada aos senadores que pretendem revelar o voto, sugerindo que poderiam ter problemas.


- Voto secreto é uma coisa delicada. Já houve quem teve de renunciar pela abertura do voto - afirmou Renan, em referência às renúncias dos então senadores Antônio Carlos Magalhães (DEM-BA) e José Roberto Arruda (PSDB-DF) no escândalo do painel do Senado, em 2001.


Casagrande explicou a impossibilidade de acordo entre os três relatores dizendo que tanto ele quanto Marisa têm dúvidas sobre as explicações de Renan, enquanto Almeida Lima "só tem certezas".


- Não foi produtiva a reunião porque cada um manteve seu posicionamento sobre a investigação - disse Almeida Lima após encontro com os outros dois relatores.
Os senadores Renato Casagrande, Marisa Serrano, Leomar Quintanilha e Almeida Lima reunidos para decidir sobre processo contra Renan Calheiros - Ailton de Freitas


Mais cedo, o presidente do Senado abriu mão do prazo para última defesa no Conselho. "Isso demonstra o que tenho dito: posso até ser vítima dos excessos da democracia, mas jamais de afastarei dela", disse Renan, em nota.


A expectativa é de que os relatórios sejam apresentados na próxima quinta-feira, às 10h. Se não houver pedido de vista, o peemedebista pode ser julgado no Conselho na mesma data.

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