A bioimpressão 3D permite obter tecidos biológicos artificiais com potencial para aplicação na pesquisa biomédica, na saúde humana e animal e até na indústria de alimentos
Bioimpressora pode produzir estruturas tridimensionais semelhantes a tecidos biológicos no formato desejado / Josué Damascera/Divulgação
Uma nova tecnologia desenvolvida pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), em parceria com a Universidade Veiga de Almeida (UVA), promete revolucionar o campo da bioimpressão 3D. A bioimpressora de baixo custo e de código aberto, que em breve pode chegar ao mercado, tem o potencial de transformar a pesquisa biomédica e a saúde humana e animal, além de contribuir para a indústria de alimentos.
A bioimpressora funciona de maneira semelhante a uma impressora 3D convencional, mas em vez de utilizar plásticos, ela usa biotinta para criar estruturas que imitam tecidos biológicos. Luiz Anastacio Alves, pesquisador do IOC, explica que a biotinta é composta por células vivas misturadas a um hidrogel de biopolímeros, que facilita a adesão celular e cria um ambiente tridimensional semelhante ao natural.
O projeto, financiado pelo Programa Redes de Pesquisa em Saúde da Faperj, está agora em uma nova fase de desenvolvimento, com o biomédico Anael Viana, egresso do IOC/Fiocruz, liderando uma iniciativa para criar uma empresa que desenvolverá e produzirá bioimpressoras e biotintas. O objetivo é estabelecer uma spin-off do Instituto, promovendo a inovação tecnológica e a comercialização de produtos desenvolvidos em pesquisa.
Os pesquisadores destacam que a bioimpressão tem grande potencial para criar modelos de estudo e terapias, com aplicações já comprovadas na produção de pele artificial para tratamento de queimaduras e testes de medicamentos. A tecnologia também pode permitir a impressão de órgãos complexos no futuro.
Atualmente, bioimpressoras convencionais são caras, variando de 13 mil a 300 mil dólares, e a biotinta custa entre 3,85 e 100 mil dólares por grama. A nova bioimpressora desenvolvida com material reciclado tem um custo aproximado de mil reais, tornando-a mais acessível e prometendo reduzir a dependência de importações no Brasil.
O projeto foi liderado por Luiz Anastácio e o físico José Aguiar Coelho Neto, e a tecnologia de código aberto foi publicada em um artigo na revista *Frontiers in Bioengineering and Biotechnology*. A bioimpressora foi montada com componentes reciclados e seu passo a passo está disponível para a comunidade científica.
O programa Doutor Empreendedor, com duração prevista de dois anos, vai avançar no desenvolvimento de um modelo comercial com três bicos de extrusão, permitindo a impressão de tecidos complexos. As próximas etapas incluem aprimoramento do software e desenvolvimento de biotintas específicas para tecidos humanos e animais.
O projeto representa uma oportunidade significativa para a inovação no Brasil e uma possível expansão no mercado global de bioimpressão, atualmente avaliado em 1,5 bilhão de dólares e projetado para crescer para 6 bilhões nos próximos cinco anos.
Economia
Levantamento foi realizado de 15 a 23 de outubro
Policial
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