Porto Alegre orgulha-se da vida cultural e de ter 1 milhão de árvores: dois oásis distintos em meio ao caos urbano.
O nome é bem bonito: Porto Alegre. "Happy port", dirão os gaúchos que fazem piada com tudo, até com as derrotas do Grêmio e do Inter. O antigo porto foi desativado, mas a alegria ainda não. A capital do Rio Grande do Sul se alimenta de uma intensa vida cultural e do orgulho de ter mais de 1 milhão de árvores para exibir aos visitantes, dois tipos distintos de oásis no meio do caos urbano.
Havendo escolha, sai ganhando quem escolhe o segundo semestre para conhecer a cidade. As temperaturas são mais amenas. O auge do verão e o frio de junho ou julho desencorajam expedições ao ar livre. De setembro a novembro, o teatro, a literatura e as artes visuais dão vida nova ao cotidiano nos grandes eventos que são o Porto Alegre Em Cena, a Feira do Livro e a Bienal do Mercosul.
Setembro também traz a primavera, os jacarandás floridos e o Acampamento Farroupilha, que reproduz os galpões, os passeios a cavalo e as tradições gaúchas nas roupas, na gastronomia e na música nativista. Parece um outro tempo, arquetÃpico, injetado nas artérias da cidade.
No extremo sul do mundo, quase na vizinhança das geleiras argentinas, a paisagem recebe uma luz toda especial, e o céu fica disponÃvel na altura do olho, como em BrasÃlia. Não tem mar, mas o GuaÃba, lago chamado de rio, é tão imponente quanto o lago que banha Bariloche. Quando o Sol escolhe a cor vermelha para se despedir na água, é melhor nem piscar, para não perder o show.
"No nosso outono a luz parece pousar nas coisas", definiu o escritor Luis Fernando Verissimo. "Na primavera ela penetra, e dá a impressão de chegar intocada por qualquer filtro, forte e pura como no primeiro dia da Terra."
O poeta Mario Quintana radicalizou ao definir os poderes milagrosos da luminosidade de outono na cidade: "Adiados os suicÃdios/ porque é abril em Porto Alegre".