Aventureiras por profissão, por esporte ou só para se distrair, elas garantem suas doses extras de adrenalina.
"Sofri muito. Lá você chega no limite do ser humano. Quando acaba, a gente jura que não volta nunca mais, mas..." Volta. Renata Giorgi, única mulher a fotografar o Rali Paris-Dakar, esteve lá em 2006. E retornou em 2007.
Levada ao mundo dos ralis por um misto de curiosidade e oportunidade - um amigo a convidou para ir ao Rali dos Sertões em 2005, e ela aceitou - , Renata faz parte de uma categoria de mulheres que fez da aventura profissão. Há outras que garantem suas doses de adrenalina literalmente por esporte. E muitas, a grande maioria, se joga de penhascos, enfrenta corredeiras ou sobe e desce montanhas por pura diversão.
"Entre os 7 mil clientes que atendemos por ano, 65% são mulheres. Elas têm menos vergonha de buscar uma agência para fazer turismo de aventura; os homens acham que precisam ir sozinhos", analisa Israel Waligora, diretor da Agência Ambiental, e presidente da Associação das Empresas de Turismo de Aventura.
Fernando de Noronha, Bonito e a Floresta Amazônia são, no momento, os destinos mais procurados pelas adeptas de viagens com roteiros 'nervosos'. Quem vai, normalmente gosta de atividade física, mas não necessariamente tem vivência anterior nas atrações oferecidas, seja uma caminhada no mato ou rafting. Por isso, segurança é fundamental.
"A atividade de turismo de aventura não tem risco zero. O risco é inerente à atividade", alerta Leonardo de Moura Persi, consultor do Instituto de Hospitalidade e coordenador do projeto de normalização em turismo de aventura do Ministério do Turismo (veja quadro), um dos programas que estão em andamento para melhorar a qualidade dos serviços oferecidos pelo segmento.
Outro é o Aventura Segura, que está promovendo o treinamento e a qualificação da galera que atua no setor. "Os condutores precisam ter conhecimento do que fazem. Já estamos com cursos montados em dez destinos em todo o País", avisa Waligora.
Às vezes, o gosto pelo turismo de aventura acaba despertando o atleta de risco que vivia oculto naquele corpo feminino. Desde muito pequena, Janine Cardoso sempre gostou de trilhas, esportes, viagens e desafios. Em um dos passeios, descobriu a escalada. E se apaixonou. Ela ostenta hoje o título de tetracampeã brasileira da modalidade. "O turismo tradicional não me atrai, tenho de aliar viagem a uma atividade física", admite.
Sua filha, Manuela, vai pelo mesmo caminho. À bordo de uma mochila, ela costuma visitar a Pedra do Baú, em Campos do Jordão. "Ela ama", garante a mãe, que está de malas prontas para o campeonato mundial de escalada, em setembro, na Espanha.
Renata, a fotógrafa, a esta altura está desempoeirando a bagagem. Acaba de voltar de mais uma edição do Rali dos Sertões (que terminou anteontem), depois de percorrer 4.767 quilômetros em nove dias. "A gente pega uma planilha igual à dos pilotos, com indicações de riachos, saltos, curvas e escolhe um ponto para ficar fotografando. A gente atola, sofre tudo o que tem para sofrer", explica.
Mas seu amor, especialmente pela galera de moto, compensa. No seu caso, ser a única mulher em um cenário dominado pelos fotógrafos até a ajudou a abrir estrada. Contratada pela agência espanhola Photoquatro, se mudou para Barcelona e vai trocar os ralis pela Fórmula 1. Sera?
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