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Até os anos 70, o Guarujá era um dos destinos preferidos dos paulistanos endinheirados. Com praias limpas e esbanjando charme, fazia jus ao pomposo apelido ''''pérola do Atlântico''''. Mas a partir da inauguração da Rodovia dos Imigrantes, em 1976, o acesso à cidade ficou mais fácil e um grande contingente de novos turistas descobriu suas areias. Sem infra-estrutura, o Guarujá enfrentou inchaço populacional, favelização, aumento da violência e degradação ambiental. Nos anos 90, foi quase abandonada: perdeu 50% dos visitantes que costumava receber por ano.


Outro ex-balneário chique, a mexicana Acapulco passou por processo semelhante. Esse ciclo de ascensão e decadência típico da exploração turística sem planejamento é uma ameaça real para outros destinos. Tanto que virou preocupação central do setor. No Dia Mundial do Turismo, comemorado na quinta-feira, a sustentabilidade foi tema de debates. Preservação, criação de empregos para a comunidade local e redução do impacto da atividade turística são preocupações que tendem a se tornar permanentes.


No Brasil, multiplicam-se entidades dedicadas a promover sustentabilidade. O Instituto de Hospitalidade e o Conselho Brasileiro de Turismo Sustentável lançaram proposta de certificação e medidas ''''verdes''''. Várias empresas já começaram a seguir as recomendações, mas até agora nenhuma recebeu o selo de qualidade.


Mesmo quem não pretende participar das discussões - e só quer viajar - ganha com a mudança de mentalidade do setor. Um sistema de captação de energia solar, por exemplo, instalado em um hotel, reduz em 20% os gastos com eletricidade. Economia que pode ser repassada ao viajante na forma de diárias mais baratas.


É provável que ecoturismo seja a primeira coisa que vem à sua cabeça quando o assunto é a tal sustentabilidade. Mas o conceito é mais amplo. ''''É um processo contínuo'''', diz o coordenador da Pós-Graduação em Turismo Sustentável do Senac, Sérgio Salvati. Para a Organização Mundial do Turismo (OMT), trata-se de ''''responder às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de responder às suas necessidades''''. Apenas plantar árvores ou reciclar lixo, portanto, são providências relevantes, mas não suficientes. O Ministério do Turismo incentiva viagens regionais como forma de criar empregos e estimular a preservação, mas sem grande relevância por enquanto, já que as obras de infra-estrutura que pretendem dar padrão internacional a 65 destinos brasileiros dependem das verbas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).


Um exemplo de regionalização é a iniciativa da Costa do Descobrimento, no litoral sul baiano. Porto Seguro, no limite da saturação, uniu-se a Santa Cruz de Cabrália e Belmonte em um comitê permanente, cuja tarefa é buscar o desenvolvimento conjunto. O município, um dos destinos mais baratos para quem vive na Região Sudeste, famoso pelas festas embaladas a axé, quer agora atrair um novo tipo de visitante. ''''Que esteja interessado em história, em preservação e nas comunidades indígenas da região'''', diz o secretário de Turismo, Anderson Guilherme. A expectativa é aumentar o gasto médio diário dos visitantes, atualmente de R$ 100. Em 2006, Porto Seguro recebeu 1,34 milhão de turistas.


RECUPERAÇÃO
Hoje, o Guarujá começa a deixar para trás os tempos de decadência. Conquista novos turistas com melhorias em segurança e saneamento (o índice de balneabilidade das praias é de 95%). No ano passado, ganhou hotel de luxo, o Jequitimar. A Praia do Tombo é candidata ao certificado internacional Bandeira Azul, dado àquelas com boa infra-estrutura e qualidade ambiental. Esse tipo de selo atrai europeus, acostumados a prestigiar destinos sustentáveis. O número de turistas cresce 10% ao ano - 9 milhões estiveram na cidade em 2006.


Conheça, a seguir, lugares onde a preservação dita o rumo do desenvolvimento e iniciativas para reduzir os riscos ambientais. Mais do que repetir a batida idéia de que o planeta precisa de ajuda, o que motiva o setor turístico a pensar em sustentabilidade é a busca da certeza de que aquela praia cristalina ou aquelas ruínas incríveis continuarão intactas, para quem quiser voltar.


TURISTA RESPONSÁVEL
Minimiza o impacto da sua presença. Por exemplo, troca o carro pelo transporte público e colabora para reduzir congestionamentos


Escolhe hospedagens ambiental e socialmente conscientes. Servir produtos da região nas refeições e valorizar funcionários são exemplos. Dessa forma, é atendido por profissionais motivados


Prefere serviços locais, como guias e restaurantes, e ganha em troca imersão cultural


Compra lembranças típicas como forma de incentivar a economia do destino e levar para casa peças exclusivas, mas rejeita produtos que causam prejuízo ao ecossistema


Evita desperdício de água e energia elétrica - reduz, assim, custos de manutenção dos empreendimentos e ajuda a baratear preços de diárias, passeios e refeições


Produz o mínimo possível de lixo, descarta seus resíduos adequadamente e previne a poluição


Preserva os patrimônios natural, histórico e cultural. Não tira nem deixa nada nas áreas que visita


Respeita as leis e, assim, promove e reforça a cidadania

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