Em 90% das situações, o agressor é alguém que tem uma relação afetiva e de confiança com a criança
Hoje o Creas atende 40 casos comprovados de abuso sexual contra crianças. / Luiz Guido
Nos últimos 15 dias, Anastácio ganhou repercussão na cidade e em todo o estado por conta dos 7 casos de crianças vítimas de abuso sexual por parte tanto de parentes afetivos ou de vizinhos que praticaram abuso contra crianças que se encontram na faixa etária de 5 a 9 anos de idade.
Segundo Débora do Carmo, assistente social e coordenadora do Centro de Referência Especializado em Assistência Social de Anastácio (Creas) a instituição acompanha atualmente 40 casos comprovados de abuso ou exploração sexual. A criança, fragilizada, é atendida por uma equipe especializada com psicólogo, assistente social e educador social para desenvolver o árduo trabalho de resgate dos vínculos que são rompidos quando há violência no ambiente familiar.
“Os casos chegam até a gente pela Delegacia de Polícia de Anastácio, Ministério Público (Poder Judiciário) e Conselho Tutelar. Nós temos em acompanhamento 40 casos de denúncias efetivas, fora as suspeitas não comprovadas ainda. São casos de abuso e exploração sexual infantil desde janeiro de 2018”, explica a coordenadora do Creas.
A situação alarmante se dá tanto na zona urbana quanto rural de Anastácio. O último caso emblemático veio à tona no dia 31 de agosto, que resultou na prisão de um homem de 36 anos. Ele abusou e engravidou a própria filha, uma menina de 12 anos. O bebê nasceu prematuro, de 7 meses, no dia 20 de setembro e seu destino ainda era incerto, até que a menor decidiu ficar com a criança.
“A menina está sob acompanhamento psicológico e social pela equipe do Creas desde que houve a denúncia pelo familiar na DP de Anastácio. Após a gestação e o nascimento da criança, a mãe passa por acompanhamento domiciliar todos os dias”, informou Débora.
A coordenadora ainda esclarece que a menina de 12 anos e o bebê estão bem. “Ela tem a pretensão de ter a guarda, mas o Creas espera a decisão judicial sobre essa decisão. Isso vai depender do trato dela como seu bebê. A Justiça irá avaliar o caso e considerar todos esses fatores. Hoje ela está bem e a equipe de saúde consegue ver a relação de fortalecimento de vínculo afetivo entre a criança e a mãe. Se hoje pudéssemos dar um parecer, ela ficaria com a filha”, considerou.
Alerta aos pais, responsáveis e sociedade
Constantemente, o Creas recebe denúncias de casos comprovados e de suspeitas de abuso sexual contra as crianças residentes na cidade, entretanto, muitas vezes o abusos acontecem por conta da negligência de pais e também de instituições, como a escola, que poderia dar o suporte necessário a fim de identificar e alertar quanto às mudanças de comportamento de uma criança vítima de abuso.
“Chamamos a atenção dos pais e responsáveis das crianças ante à mudança repentina de comportamento. Há fortes indícios de abuso quando uma criança muito ativa, que tem uma vida e uma rotina normal, de repente passa a ficar arredia ou a expressar uma violência exacerbada. Pedimos aos pais que tomem cuidado com essas mudanças e que a também escola se atente a isso. Queríamos que elas fossem as principais denunciantes, parceiras, mas não são. Hoje quem denuncia são os vizinhos, familiares e próximos”, relata.
Para Débora, as escolas precisam redobrar a atenção a essa alteração súbita de comportamento. “Criança não mente, não omite. Há um fator muito grave que permite a continuidade dos abusos: 90% dos casos que são notificados, o agressor é um pai, um tio, um avô, ou seja, alguém que tenha uma relação afetiva e de confiança com essa criança.”
*Com informações de Luiz Guido Jr.
Geral
A região possui um viés estratégico para o país, uma vez que Epitaciolândia está conurbada à cidade boliviana de Cobija e tem um intenso comércio
Segurança
Turma tem o maior número de mulheres da história do Estado
Voltar ao topo