Foi-se o tempo em que futebol era conhecido como um esporte masculino. Cada dia mais, as mulheres estão ganhando mais espaço no esporte, em diversas áreas, desde a cobertura jornalística até o comando das equipes. Ainda bem.
O futebol feminino tem ganhado destaque, principalmente, pela exposição que a Seleção Brasileira Feminina trouxe com os inúmeros triunfos e recordes quebrados, com direito a medalha de ouro, exibições de gala e times de estrelas, com Marta como rainha absoluta dos prêmios de melhor jogadora.

Os grandes times começaram a investir mais no futebol feminino. Em 2009, a Libertadores da América, competição que existe desde 1960,teve sua primeira edição feminina. O Santos (SP) trouxe a taça para o Brasil.
Porém, ainda é raro vermos times masculinos sendo comandados por mulheres. Alguns países como Egito e Alemanha já começam a acenar, ainda que de forma bastante tímida, para essa mudança.
Mas não é preciso ir tão longe para ver um time masculino sendo comandado por uma mulher.
Tainara Vieira Zaurizio, 26 anos, casada, nasceu na região do Morrinho, Zona Rural de Aquidauana, e é formada em Educação Física. Amante do futebol desde criança, viu, no que começou como uma brincadeira, a oportunidade de ajudar a transformar a vida de jovens através do esporte.

Tudo começou quando Tainara e a família passaram a levar algumas crianças conhecidas para jogar futebol em um campo abandonado. Após se formar na faculdade, a técnica começou a organizar meios para se profissionalizar no que mais ama: o futebol.
E deu muito certo. Em 2018 nasceu o São José do Morrinho. Com Tainara no comando e um time de jovens talentosos, o time ganhou notoriedade na região, ganhando vários títulos e tendo muito sucesso por onde passa. “Todos acham isso diferente, uma mulher técnica, ainda futebol mais de masculino, quase ninguém vê. E foi daí que começamos a jogar, começamos a ganhar vários torneios… Lá em Piraputanga eu sou a rainha. Não temos patrocínio, nós fazemos tudo por amor. O que me faz ficar mais motivada com isso é o respeito, carinho e admiração que os meus meninos (atletas) tem por mim, tenho minha irmã que é minha companheira, ela é auxiliar técnica”, disse.

Tainara conta que o principal desafio para ela e o time é a falta de patrocínio. “Não ter patrocínio, às vezes, para comprar bolas, uniformes, coletes… Esses materiais para treinos mesmo. Aí com o dinheiro que estamos ganhando de torneios, conseguimos comprar uniformes novos, coletes e outras coisas. Domingo mesmo (09), fomos para Bonito, alugamos uma van no valor de R$600, aí cada atleta colaborou com uma quantia para irmos lá.” contou.
A técnica diz que conta com o apoio da família no trabalho. “Tenho o apoio da minha família, que são meus pais e meus tios, eles me ajudam muito, levam pão, mortadela, levam almoço para os meninos, ajudam a pagar as inscrições. Eles adotaram esse amor ao futebol junto comigo, esse motivo também é a minha força. Mas não é fácil, são muitos gastos, tem atleta que é mais humilde e que precisa de um meião, de um short e nós damos jeito em tudo para conseguirmos. Até porque depois de 3 anos conseguimos uniformes completos”, contou.
Tainara espera que a sua história possa motivar outras mulheres a seguirem o mesmo caminho. “A frase que eu sempre digo, lugar de mulher é onde ela quiser”, disse.

O São José do Morrinho ganhou, foi campeão da 32ª edição do Torneio de Reis, do Distrito Águas do Miranda. A competição contou com a participação de 16 equipes e contou com o apoio da Polícia Militar e da Guarda Municipal de Bonito, que estiveram presentes para garantir a segurança do local.